terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Linguagem da Internet


Definição:
Ao se utilizarem programas como o msn, a comunicação ocorre através de um meio escrito, no entanto o texto é oral. Ao contrário do Jornal Nacional, por exemplo, em que o texto é primeiramente escrito e depois comunicado por meio oral – o que justifica a ausência de marcas da fala, nesse tipo de texto. Sendo a internet um meio que exige agilidade e rapidez, a escrita por meio de abreviaturas faz com que a comunicação seja mais rápida, simulando assim a mesma rapidez da fala.
      A língua é um sistema vivo e adapta-se às situações de comunicação. Isso não significa que agora "pode-se escrever de qualquer jeito". As abreviações são permitidas no msn, no orkut, nos e-mails informais, nos chats (e até nesses textos existem regras! Caso contrário, nem mesmo os internautas se entenderiam), não cabe usá-las em outros gêneros textuais.
      O internetês não prejudica o bom português, desde que os Internautas  tenham acesso a bons livros, jornais e revistas. A nós Educadores, cabe o papel de ampliar a capacidade de recepção e produção textual dos alunos, priorizando a formação de escritores e leitores competentes, que saibam usar a língua nas diversas situações de interação.


E na Escola?

A comunidade escolar, neste início de século, depara com três caminhos quando começa a refletir sobre a “inserção” das novas tecnologias na educação:

1. Repelir as tecnologias e tentar ficar fora do processo.
2. Apropriar-se da técnica e transformar a vida em uma corrida atrás do novo.
3. Fazer uso dos processos, desenvolvendo habilidades que permitam o acesso e o controle das tecnologias e seus efeitos.


Considero que o terceiro caminho é o que melhor apresenta informações para uma formação intelectual, emocional e corporal do cidadão que cria, planeja e interfere na sociedade. Para tanto, é necessário um trabalho pedagógico em que o professor reflita sobre sua ação escolar e elabore e operacionalize projetos educacionais com a inserção das novas tecnologias da informação e da comunicação.
Esse educador deverá entender que o simples uso das tecnologias não assegura a eficiência do processo de ensino—aprendizagem e não garante uma “inovação” ou “renovação” das metodologias de ensino no ambiente educacional.
Os questionamentos recebidos de colegas de todo o território brasileiro me fizeram derrubar a hipótese de que há falta de reflexão, no ambiente escolar, sobre o uso das novas tecnologias. É óbvio que a incorporação delas, principalmente da Rede de Computadores, no fazer diário do professor é bem mais complexa do que se imagina e depende de muitas outras variáveis. Mas nenhuma intervenção pedagógica harmonizada com a sociedade contemporânea e com inovações é eficaz sem a colaboração consciente do educador.
Derrubada essa hipótese, opto por responder aos questionamentos feitos por meio do Portal Educacional para que cada colega professor possa avançar em suas reflexões. Vamos a elas então.

Primeiro Questionamento
1. O que você pensa dos professores de Língua Portuguesa que, mesmo sabendo da existência dessa nova linguagem, têm uma antipatia gratuita com relação a ela e difundem isso entre os colegas? Essa linguagem criada pelos jovens pode ser considerada um neologismo?

Parece-me que esses professores não têm antipatia somente pela Internet ou o uso do computador. Sua resistência é muito mais pela inovação da metodologia de suas aulas de Língua Portuguesa. Inovar as metodologias de sala de aula dá trabalho, principalmente quando pensamos que, para ensinar Língua Portuguesa hoje, o professor deve considerar como objeto de estudo os textos produzidos por pessoas que dominam a leitura e a escrita. Os textos são a síntese de toda a produção cultural da época em que vivemos, e a escrita na Internet faz parte dessa nossa produção neste momento.
Eu não classifico a escrita utilizada na Internet como um neologismo, pois, para que fosse considerada assim, teríamos de ter um dos seguintes processos de formação: a possibilidade de combinar de maneira inovadora os morfemas (radicais, prefixos e sufixos) preexistentes ou a atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na nossa língua. Na escrita em ambientes como MSN, blogs, flogs, ICQ e e-mail, percebemos muito mais o uso de abreviações que neologismos. E a maior quantidade delas pode estar ocorrendo por causa da “transmutação1” do diálogo cotidiano para a esfera eletrônica. Não podemos esquecer que a essa escrita o produtor alia muitos caracteres alfanuméricos e recursos semióticos não-verbais (imagens, emoticons, etc.).

Segundo Questionamento
2. A linguagem na Internet deve ser informal, uma vez que se trata de um bate-papo. No entanto, observando adolescentes conversando pelo computador, percebe-se que, além de palavras quase que inventadas e abreviações inusitadas, eles cometem muitos erros de ortografia por causa da rapidez com que têm de escrever para conseguir conversar com três ou mais colegas, o que aumenta as dificuldades com a norma culta. Será que isso não é prejudicial para a formação lingüística dos jovens ou limita o vocabulário deles? Como lidar com essa crescente dificuldade e desinteresse pela modalidade culta da língua?

A escrita que utilizamos para nos comunicar na Internet é informal e traz todas as características da diversidade e variabilidade do português falado no Brasil. Ou seja, os traços de idade, origem geográfica, situação econômica e escolarização aparecem explicitamente nas conversas nas salas de bate-papo, no MSN, etc.

Precisamos lembrar sempre que a ortografia é artificial, uma decisão política, e que a língua é natural. Portanto, na Internet, estamos sempre utilizando a língua. A ortografia oficial é necessária para que todos possam ler e compreender o que está escrito. Dessa forma, é normal acharmos que nos bate-papos na Internet teríamos de usá-la também. Mas, quando empregamos esses recursos, estamos simulando situações de fala e, por isso, é normal que, em vez de beijo, eu escreva bêjo ou bju. Não acredito que a variabilidade e a diversidade prejudiquem o vocabulário de alguém. É em nossas aulas de Língua Portuguesa que devemos utilizar metodologias que mostrem aos alunos que linguagem deve ser usada nas diversas situações comunicativas. Ou seja, tudo depende dos seguintes fatores: quem diz, o quê, a quem, como, quando, onde, por que e visando a que efeito.

Terceiro Questionamento
 3. O modo de escrever dos internautas já pode ser considerado uma linguagem ou simplesmente é uma maneira errônea de se expressar? Será que essa comunicação pode afetar a dicção dos alunos?

É tudo muito novo, recente. O que se percebe são novos gêneros textuais, mas ainda não se pode ainda afirmar que existe uma nova linguagem. É claro que estamos diante de um fenômeno que está obrigando a Lingüística a rever alguns de seus postulados teóricos. Quanto à dicção, seria preciso determinar os fatores para analisar: pronúncia, expressão vocal?

Quarto Questionamento
4. Que conselho você daria a alunos de 6.ª série com problemas de ortografia e dificuldade de se expressar por escrito?

Acho que meu conselho seria para o professor. Primeiramente, seria necessário fazer uma reflexão a respeito de como estão sendo as aulas de Língua Portuguesa: qual é o enfoque que está sendo dado? Apenas ao ensino da gramática? O que seriam esses problemas de ortografia? Como tem sido feita a correção dos textos produzidos pelos estudantes? Que estratégias de produção têm sido utilizadas para oportunizar a expressão por escrito aos alunos?
Quinto Questionamento

5. Essa nova linguagem escrita aprendida pelos adolescentes pode prejudicar o relacionamento deles com pessoas que não têm acesso a ela, como seus pais?

Não acredito que isso seja possível. O que temos de trabalhar em nossas aulas é o fato de que, no momento da fala ou da escrita, devemos sempre considerar quem é o receptor da mensagem, pois, do contrário, ela poderá não ser compreendida.
Sexto Questionamento
6. Que problema haveria se o adolescente escrevesse da maneira correta no MSN, chat, blog, etc.? Ele poderia ser rejeitado pelos colegas? (Vânia Tavares de Menezes, Santos – SP)

Talvez isso pudesse acontecer, mas não há como afirmar. Por exemplo: quando eu converso com meus alunos numa sala de bate-papo, por ser a professora de Redação, no início eles não escrevem nenhuma abreviatura. Se conversamos em três (eu e dois alunos), acontece a mesma coisa. Mas, quando começo a usar abreviaturas e emoticons, imediatamente eles passam a utilizá-las também. É interessante perceber como eles adaptam a escrita ao seu interlocutor com facilidade.
Emotions :)
Emoticon textual
Significado
Resultado
:) / =] / =)
felicidade, sorriso
{{=)}}
:( / =( / :/
tristeza, decepção
{{=(}}
:D / =D / xD
sorriso
{{xD}}
8)
óculos ou óculos escuros
{{8)}}
;)
piscadela
{{;)}}
:* / =*
beijo
{{I*}}
:x / =X
boca fechada (segredo)
{{calado}}
:o / =O
cara de surpreso
{{=O}}
:~( / T.T / Y.Y / ='( / :'(
lágrimas
{{;(}}
sz / S2 / <3
coração
{{amor}}
:B / =B
mostrando os dentes, geralmente
para expressar ironia

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